sexta-feira, 10 de junho de 2011

O duplo D: Disney e a imagem-tempo Deleuzeana

Quando falamos da imagem-tempo Deleuzeana não podemos deixar de fazer referência, como faz o próprio Deleuze, a Citizen Kane (1941) de Orson Welles. Nele aparentemente estava o gérmen do flashback no cinema. Contudo, se recuarmos um pouco antes, o par virtual-actual Bergsoniano já se encontrava bastante evidente em alguns cartoons de Walt Elias Disney. Vejamos o Seguinte exemplo. Em Gulliver Mickey (1934), vemos Mickey pedindo silêncio aos sobrinhos para lhes contar uma história  sobre uma viagem sua. Mickey numa tentativa de recriar o clima de tempestade que enfrentara, coloca-se junto de um candeeiro ligando-o e desligando-o freneticamente a fim de simular a luz dos trovões no breu da noite enquanto chocalha desenfreadamente a cortina. Assobia, simulando os ventos. Repetindo o ritual visual e sonoro é através do fade in que nos deslocamos para essa camada da memória. Acedemos a um virtual onde vemos Mickey arremessado pelas ondas e atormentado pelo combate entre o breu da noite e a luz dos trovões.



Mais à frente, encontramos Mickey lutando contra uma aranha. A dado Momento, Mickey coloca-se sobre a aranha e começa a soquea-la. Através do fade in os socos na aranha actualizam-se nos socos contra a almofada que Mickey usa para demonstrar aos sobrinhos.

Nesse sentido, do virtual passamos ao actual. É interessante pensar  de como Walt Elias Disney nos seus primeiros cartoons trabalhara já  a duração Bergsoniana. Sendo assim, podemos dizer que este imaginário Disneyano não se deixou contaminar de imediato pela sedentarização e mecanização das relações entre imagens que atormentara até então o cinema.

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